segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Antigos ensinamentos para esta época de crise global

"Falar em virtude ou virtuoso [ou seja, em ética] não é popular em nossa época, e em alguns círculos, chega a ser considerado ridículo. Mas isso acontece porque perdemos quase que completamente de vista as coisas que realmente importam na vida. Hipnotizados pela ideologia do consumo, vendido com tanta eficiência pelo mundo corporativo e igualmente pelos governos, vemos apenas o que está diretamente à nossa frente e, mesmo assim, vemos as coisas apenas através das lentes distorcidas pelas cores do ego.

Eu não sou conhecido por ser politicamente correto. Por essa razão, como acontece com meus outros livros, a presente obra não serve de instrumento aos cínicos, niilistas e religiosos fundamentalistas contemporâneos. Ela defende, de modo imperturbável, a recuperação da nossa herança espiritual e moral comum, conforme formada e realizada pelos grandes mestres do passado. Mesmo quando discordamos deles em termos filosóficos, podemos e devemos aprender com o exemplo de sua prática moral e espiritual. Na falta disso, creio que a falência moral e espiritual de nossos dias combinada com o crescente desastre ecológico e sociopolítico irá se revelar imensamente destrutiva para nós".
(FEUERSTEIN, Georg. As virtudes do Yoga: antigos ensinamentos para esta época de crise global. São Paulo: Pensamento, 2009, pp. 21-22)


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No texto acima, eu substituiria somente o termo "prática espiritual" por "prática meditativa-compassiva-ritual" (que pode ser gregária ou solitária). Acho que ainda não foi criado um substantivo em português que expresse estas três idéias juntas...

Os alemães (que são os que mais se destacam na filosofia e na ciência ocidental) sabem da necessidade de fundir várias idéias em uma só palavra, por isso muitos dos seus substantivos são termos longos.  

Não utilizo a palavra "espiritual" porque a considero vaga (indefinida)  e causadora de confusões, e também porque não acredito na existência de "espiritos encarnados ou desencarnados" como uma realidade diversa do nosso corpo-mente. Contudo, respeito profundamente e não discrimino aqueles que abraçam esta crença, assim como espero que me respeitem e não me discriminem por não concordar com ela.

Obviamente, a liberdade de crença religiosa prevista na Constituição brasileira abrange também a liberdade de não-crença.

Na verdade, acho que a imortalidade, se existir, é impessoal, como pensava Averróis e, depois dele, Spinosa.
  



  

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