segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O que é a filosofia? - 1

Por Augusto Mascarenhas


Há muitas definições para o termo "filosofia".

Um conceito possível e bastante simples que me ocorreu, e do qual eu gosto muito, é: a filosofia é uma forma ou estilo de pensamento que caracteriza-se pela profundidade,  análise, questionamento, investigação, elevada clareza e precisão  no manejo dos conceitos e proposicões,  bem como pelo extremo rigor lógico e linguístico.


Esta definição tem mais a ver com a filosofia ocidental, que é mais racional-especulativa do que vivencial.


Mas penso ser necessário que o pensamento ocidental se liberte de certos preconceitos e assimile alguns aspectos vivenciais das filosofias orientais, tais como a alteração e estabilização consciente do próprio estado de consciência  (chita vritti nirodha - que não deve ser interpretado como "supressão dos pensamentos", nem como "parar de pensar"), a fluência da intuição e a ampliação da consciência corporal. Os componentes éticos do pensamento oriental, como o cultivo deliberado da compaixão (que deflui da prática de ahimsa) e do contentamento (santosha  [que não se confunde com conformismo])  também merecem ser abordados de maneira mais ampla pelos ocidentais.

Na verdade, este processo de interligação já vem ocorrendo, como deixam transparecer  alguns pontos do pensamento de Schopenhauer,  Hegel, Scheling, Husserl, Jung, Merleau-Ponty, dentre outros. Mas ele ainda pode se aprofundar muito mais.

Contudo, no ocidente parece ter ocorrido, de maneira geral, uma dissociação relativa entre a especulação teórico-filosófica e o comportamento (ação) do filósofo no mundo (o que é  um tanto inconcebível para os orientais). Mas creio que esta tendência pode ser revertida.  

Penso que o cultivo da atitude filosófica deve se dar sempre em benefício do indivíduo e da coletividade, respeitando, na medida do possível, a essência das tradições culturais que conferem coesão e harmonia aos diversos grupos sociais.
 
A filosofia ajuda a clarificar e organizar o pensamento; amplia o poder de compreensão, facilitando o aprendizado de outras disciplinas e capacitando o indivíduo a desfazer confusões, falsidades e invencionices que lhe são apresentadas por terceiros como sendo a verdade; e torna as pessoas mais seguras, menos ingênuas e, consequentemente, menos manipuláveis.

O estilo filosófico não é, ao menos para mim, incompatível com o cultivo do bom humor,  das relações sociais leves e amorosas e das artes. Muito pelo contrário.

Filosofar também não é viver fora da realidade. É aprofundar-se nela, em todos os seus aspectos. 


Na minha opinião, a filosofia (na forma integral [ou seja, teórico-vivencial] proposta neste texto) é, sem sombra de dúvida, uma forma de libertação.
 


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Diálogo entre dois mundos

Por Augusto Mascarenhas


O diálogo entre as tradições filosóficas ocidentais e orientais nem sempre é fácil. 

Embora existam muitos paralelos entre as duas grandes correntes (muito mais do que se costuma imaginar), as diferenças de conceitos, valores, metodologias, formas de pensar,  crenças e significados atribuídos a símbolos geram às vezes mal-entendidos e interpretações antagônicas.

Mas creio que este antagonismo é mais aparente do que real. No fundo, os pensadores ocidentais e os orientais buscam a mesma coisa e as duas tradições oferecem contribuições  inestimáveis com vistas ao encontro das respostas almejadas. Logo, penso que não existe razão para que não dialoguem com serenidade e respeito mútuo.

Felizmente, muitas pessoas sérias estão trabalhando nisto.

De qualquer modo, venho aprendendo que o sucesso em qualquer comunicação depende do cumprimento estrito de ahimsa (não-agressão), inclusive nos seus aspectos mais sutis. Aliás, isto é uma coisa que eu mesmo preciso exercitar melhor.

sábado, 11 de dezembro de 2010

E a crise ambiental se aprofunda

Falhas na ação contra ameaças à sustentabilidade global deixam o mundo perto do desastre

"(...) [Durante os últimos quatro anos], a falta de capacidade do mundo para encarar a realidade da crescente crise ambiental se tornou ainda mais evidente. As principais metas estabelecidas por organismos internacionais para políticas ambientais globais para o ano de 2010 foram adiadas, ignoradas ou mesmo desmoronaram. Lamentavelmente, este ano talvez seja o mais quente de todos os tempos, outro indício de catástrofes ambientais induzidas pelo  homem e fora de controle.

Deveria ser o ano da biodiversidade. Em 2002 os países se comprometeram, sob os auspícios da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, a diminuir significativamente a perda de biodiversidade do planeta até 2010. Essa meta não foi nem remotamente alcançada. (...)
 
Este ano também deveria ser o início do novo tratado pós-Kyoto, mas esse esforço não teve sucesso por causa da contínua paralisia na elaboração de políticas americanas. O presidente Barack Obama foi de mãos abanando para as negociações de mudanças climáticas de Copenhague, e os Estados Unidos, China e outras potências se contentaram com uma declaração não obrigatória de sentimentos e objetivos no lugar de uma estratégia operacional e processo de implementação.

De acordo com a campanha eleitoral de Obama em 2008, este também deveria ser o primeiro ano de uma nova política sobre clima e energia, e o segundo ano da 'recuperação verde'. Não fizemos nenhum dos dois. A recuperação foi destruída: Obama apostou em 'estimular' consumidores desanimados em vez de um programa de investimentos públicos em infraestrutura sustentável a longo prazo. O Senado [norte-americano], conforme manda o figurino, manteve seu 18º ano de inação diante do aquecimento global desde a aprovação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em 1992.

Este ano foi dominado pela falsa controvérsia do 'Climategate', que envolveu o vazamento de e-mails de uma unidade de pesquisas climáticas britânica; a direita política caracterizou a linguagem inadequada nas mensagens como uma prova de um imenso complô global. Forças independentes rejeitaram a acusação de conspiração científica, mas o estrago já estava feito: o público americano, mais uma vez, se inclina na direção da descrença sobre a mudança climática induzida pelo homem.

Estamos perdendo não somente tempo, mas também a garantia de segurança planetária, conforme o mundo se aproxima ou infringe diversos limites de risco ambiental. Com o contínuo crescimento da população humana de cerca de 75 milhões de pessoas ou mais por ano e com um forte progresso econômico em grande parte dos países em desenvolvimento, se intensificam a sobrecarga do desmatamento, a poluição, as emissões de gases do efeito estufa, as espécies em extinção, a acidificação do oceano e outras ameaças globais.

Quais características mais relevantes dos nossos processos socioeconômicos nacionais e globais causam esses repetidos insucessos?

Primeiro, os riscos da sustentabilidade são verdadeiramente sem precedentes em sua escala global e chegaram à sociedade um tanto repentinamente nas duas últimas gerações.

Segundo, os problemas são cientificamente complexos e envolvem enormes incertezas. Não apenas a opinião pública deve se inteirar da realidade, mas as ciências-chave devem se esforçar para medir, avaliar e abordar novos desafios.

Em terceiro lugar, apesar de os problemas serem globais, ações políticas são notoriamente locais, o que prejudica ações oportunas coordenadas internacionalmente.

Quarto, os problemas estão se revelando ao longo das décadas, enquanto a amplitude da atenção dos políticos chega somente até a próxima eleição e a maior parte da atenção do público só chega até a próxima refeição ou salário.

E quinto, os grupos de interesses corporativos dominam o lado sombrio da propaganda e podem utilizar seus grandes recursos para adquirir um mar de informações deliberadamente incorretas para ludibriar o público.


Scientific American e o Earth Institute estão comprometidos em um mesmo esforço crucial: levar a ciência objetiva para a esfera pública e fortalecer cidadãos democráticos que têm de se tornar gestores responsáveis do planeta antes que seja tarde demais."

(SACHS, Jeffrey. E a crise se aprofunda: Falhas na ação contra ameaças à sustentabilidade global deixam o mundo perto do desastre. Scientific American Brasil, nº 101, out. 2010, São Paulo: Ediouro Duetto Editorial, p.23)

Desinflação egóica

Tente exercitar diariamente a desinflação egóica.

E, onde quer que você vá, vá com humildade e amor no coração.

Assim, estará blindado, e provavelmente será mais feliz.

Mas, é claro, nenhuma blindagem é 100% invulnerável.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Percepção sutil

Há uma coisa que o meu atual professor de Yoga sempre diz durante o sádhana ou mesmo em bate-papos informais: cultive, aguce e desenvolva a sua percepção sutil.


Tenho posto esta lição em prática, em diversos aspectos da vida, e venho percebendo os bons resultados.

Ciência e fé

Para aqueles que se interessam pelas explicações neurocientíficas e biológicas quanto ao fenômeno da crença humana no sobrenatural, sugiro a leitura da revista "Grandes Temas Mente & Cérebro" nº 1, cujo tema é "Fé: o lugar da divindade no cérebro" (Editora Duetto). 

Trata-se de uma coletânea de artigos muito esclarecedores sobre a questão.

A revista "Mente & Cérebro" é a edição brasileira da revista alemã "Gehirn & Geist", sobre psicologia e neurociências.

A edição que citei encontra-se nas bancas, mas também é possível comprá-la diretamente no site da editora: http://www2.uol.com.br/vivermente/ 

Yoga na terceira idade

Se algum dia eu for instrutor de alguma modalidade de Hatha Yoga (atualmente todas as modalidades de Yoga que existem, se incluírem ásanas [posições] e pránáyámas [respiratórios], são variações de Hatha Yoga), creio que meu público alvo será principalmente os idosos, pois eles são os que mais necessitam dos benefícios que surgem desta prática.

Na minha opinião, a ética de Nietzsche (que basicamente consiste numa crítica aos valores judaico-cristãos) não é a mais adequada, inclusive porque o seu ponto de partida é uma interpretação equivocada do darwinismo. No futuro escreverei sobre o tema neste blog.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Complexidade, simplicidade e a Navalha de Occam

A realidade é muito complexa. Logo, não pode ser explicada de modo simples.

A simplicidade tem a sua hora e o seu valor, mas não no que diz respeito à explicação dos fenômenos psicológicos, sociais e naturais. 

Mas, é claro, ao explicarmos algum fenômeno, devemos recorrer ao menor número possível de conceitos e proposições, ou seja, devemos dar preferência à maior simplicidade possível (princípio metodológico da Navalha de Occam). 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Como montar sua dieta sem carne e sem carência de nutrientes



O melhor livro que já encontrei sobre como montar uma dieta vegetariana sem correr o risco de ficar com carência de algum nutriente é Alimentação sem carne, de Eric Slywitch (Ed. Alaúde).

O livro é claro, de fácil leitura e parece bem fundamentado. 

O autor é médico, especialista em nutrologia e coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira. 





Antigos ensinamentos para esta época de crise global

"Falar em virtude ou virtuoso [ou seja, em ética] não é popular em nossa época, e em alguns círculos, chega a ser considerado ridículo. Mas isso acontece porque perdemos quase que completamente de vista as coisas que realmente importam na vida. Hipnotizados pela ideologia do consumo, vendido com tanta eficiência pelo mundo corporativo e igualmente pelos governos, vemos apenas o que está diretamente à nossa frente e, mesmo assim, vemos as coisas apenas através das lentes distorcidas pelas cores do ego.

Eu não sou conhecido por ser politicamente correto. Por essa razão, como acontece com meus outros livros, a presente obra não serve de instrumento aos cínicos, niilistas e religiosos fundamentalistas contemporâneos. Ela defende, de modo imperturbável, a recuperação da nossa herança espiritual e moral comum, conforme formada e realizada pelos grandes mestres do passado. Mesmo quando discordamos deles em termos filosóficos, podemos e devemos aprender com o exemplo de sua prática moral e espiritual. Na falta disso, creio que a falência moral e espiritual de nossos dias combinada com o crescente desastre ecológico e sociopolítico irá se revelar imensamente destrutiva para nós".
(FEUERSTEIN, Georg. As virtudes do Yoga: antigos ensinamentos para esta época de crise global. São Paulo: Pensamento, 2009, pp. 21-22)


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No texto acima, eu substituiria somente o termo "prática espiritual" por "prática meditativa-compassiva-ritual" (que pode ser gregária ou solitária). Acho que ainda não foi criado um substantivo em português que expresse estas três idéias juntas...

Os alemães (que são os que mais se destacam na filosofia e na ciência ocidental) sabem da necessidade de fundir várias idéias em uma só palavra, por isso muitos dos seus substantivos são termos longos.  

Não utilizo a palavra "espiritual" porque a considero vaga (indefinida)  e causadora de confusões, e também porque não acredito na existência de "espiritos encarnados ou desencarnados" como uma realidade diversa do nosso corpo-mente. Contudo, respeito profundamente e não discrimino aqueles que abraçam esta crença, assim como espero que me respeitem e não me discriminem por não concordar com ela.

Obviamente, a liberdade de crença religiosa prevista na Constituição brasileira abrange também a liberdade de não-crença.

Na verdade, acho que a imortalidade, se existir, é impessoal, como pensava Averróis e, depois dele, Spinosa.
  



  

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Relatório Planeta Vivo 2010

"As últimas análises demonstram que as populações de espécies tropicais estão em queda livre e a demanda humana por recursos naturais sobe vertiginosamente e chega a 50% a mais do que o planeta pode suportar.  Isto é o que revela a edição de 2010 do Relatório do Planeta Vivo, da Rede WWF, publicação que apresenta a principal pesquisa sobre a saúde do planeta, lançado nesta quarta-feira, 13 de outubro.

O relatório bianual da Rede WWF, produzido em colaboração com a Sociedade Zoológica de Londres e a Global Footprint Network, utiliza o Índice do Planeta Vivo para medir a saúde do planeta. Ele é composto por de quase 8 mil populações de mais de 2.500 espécies.  Esse índice mundial demonstra uma redução de 30% desde 1970.  O declínio é mais acentuado nas regiões tropicais, onde se verifica uma queda de 60% em menos de 40 anos.

O Relatório mostra que, em algumas áreas temperadas, houve uma recuperação promissora de populações de espécies - graças, em parte, ao aumento dos esforços de conservação da natureza e a um melhor controle da poluição e do lixo.  No entanto, nas áreas tropicais, houve uma queda de quase 70% nas populações aquáticas (água doce) que foram rastreadas – esse percentual corresponde ao maior declínio já mensurado em quaisquer espécies, em áreas terrestres ou nos oceanos."

(Fonte: http://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/?26162/Relatrio-Planeta-Vivo-2010 ; Acesso em 26/11/2010)

A íntegra do relatório pode ser acessada em:
http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/08out10_planetavivo_relatorio2010_completo_n9.pdf

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Perda de biodiversidade já ameaça economia, diz ONU


"A destruição de ecossistemas da Terra deve começar a afetar economias de vários países nos próximos anos, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira.

O Terceiro Panorama Global de Biodiversidade (Global Biodiversity Outlook ou GBO-3, na sigla em inglês) afirma que vários ecossistemas podem estar próximos de sofrer mudanças irreversíveis, tornando-se cada vez menos úteis à humanidade.

Entre estas mudanças, segundo o relatório da ONU estariam o desaparecimento rápido de florestas, a proliferação de algas em rios e a morte generalizada de corais.

Até o momento, a ONU calculou que a perda anual de florestas custa entre US$ 2 trilhões e US$ 5 trilhões, um número muito maior que os prejuízos causados pela recente crise econômica mundial.

O cálculo foi feito com base nos valores estipulados em um projeto chamado Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (EEB) para serviços prestados pela natureza, como a purificação da água e do ar, a proteção de regiões litorâneas de tempestades e a manutenção da natureza para o ecoturismo.

'Muitas economias continuam cegas ao enorme valor da diversidade de animais, plantas e outras formas de vida e ao seu papel no funcionamento de ecossistemas saudáveis', disse o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner.

'A humanidade criou a ilusão de que, de alguma forma, é possível se virar sem biodiversidade, ou de que isso é periférico no mundo contemporâneo', disse ele.

'Na verdade, precisamos dela mais do que nunca em um planeta com seis bilhões de pessoas indo a nove bilhões em 2050.'

Segundo a ONU, quanto maior for a degradação dos ecossistemas, maior será o risco de que elas percam grande parte de sua utilidade prática para o homem.

Exemplo brasileiro

A Amazônia é citada como um dos ecossistemas ameaçados de atingir o chamado 'ponto sem volta', mesmo com a recente diminuição nas taxas de desmatamento e com o plano de redução do desmatamento, que prevê a redução de 80% até 2020 em relação à média registrada entre 96 e 2005.

O relatório da ONU cita um estudo coordenado pelo Banco Mundial que afirma que se a Amazônia perder 20% de sua cobertura original, em 2025, certas partes da floresta entrariam em um ciclo de desaparecimento agravado por problemas como mudanças climáticas, queimadas e incêndios.

O relatório ressalta que o plano brasileiro deixaria o desmatamento acumulado muito próximo de 20% da cobertura original.

No entanto, o Brasil também é citado como exemplo no que diz respeito à criação de áreas de proteção ambiental.

'Alguns poucos países tiveram uma contribuição desproporcional para a expansão da rede global de áreas protegidas (que, segundo o relatório cresceu 57%): dos 700 mil quilômetros quadrados transformados em áreas de proteção desde 2003, quase três quartos ficam no Brasil, em grande parte, resultado do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).'

Na Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, na sigla em inglês), no mês passado, cientistas afirmaram que os governos nacionais não conseguiriam respeitar as suas metas de redução da perda de biodiversidade até 2010.

'Não são boas notícias', disse o secretário-executivo da CBD, Ahmed Djoglaf.

'Continuamos a perder biodiversidade em um ritmo nunca visto antes na História. As taxas de extinção podem estar até mil vezes acima da taxa histórica.'

Metas fracassadas

A ONU diz ainda que a variedade de vertebrados no planeta - uma categoria que abrange mamíferos, répteis, pássaros, anfíbios e peixes - caiu cerca de um terço entre 1970 e 2006.

A meta de redução de perda de biodiversidade foi acertada durante uma reunião em Johanesburgo, na África do Sul, em 2002. No entanto, já se sabia que seria difícil mantê-la.

A surpresa do relatório GBO-3 é que outras 21 metas subsidiárias tampouco serão cumpridas globalmente.

Entre elas, estão a redução da perda e degradação de habitats, a proteção de pelo menos 10% das regiões ecológicas do planeta, controle da disseminação de espécies invasivas e a prevenção de extinção de espécies devido ao comércio internacional.

Uma sinal claro do fracasso registrado no relatório é que nenhum dos países envolvidos conseguirá atingir todas as metas até o fim do ano."

(Fonte: http://verde.br.msn.com/artigo-bbc.aspx?cp-documentid=24194227  ; Acesso em 11 mai 2010)

A pedido de Marina, Senado vai debater posição brasileira sobre clima e fiscalização ambiental

"A senadora Marina Silva (PV-AC) aprovou ontem, dia 23, dois importantes requerimentos na reunião da Comissão de Meio Ambiente do Senado. Serão promovidas audiências públicas sobre questões de alta relevância para a proteção do meio ambiente e para a qualificação do processo de desenvolvimento do país.

A pauta da primeira audiência pública aprovada aborda três pontos: a) a implementação da lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que instituiu a Política Nacional sobre Mudança do Clima; b) os compromissos assumidos pelo governo brasileiro durante a Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP 15), que ocorreu em Copenhagen (Dinamarca) em 2009; e c) as posições e os novos compromissos  que serão assumidos pelo governo brasileiro durante a COP 16 que  acontecerá no México, entre os dias 29 de novembro a 10 de dezembro deste ano.

Os debatedores convidados serão representantes do Ministério das Relações Exteriores, da Casa Civil da Presidência, do Ministério do Meio Ambiente, do Greenpeace e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Em razão de a Conferência do México ter início na próxima semana, a audiência pública será realizada nesta quinta-feira, dia 25. O debate é aberto ao público e pode ser acompanhado pela internet (www.senado.gov.br).  Quem quiser enviar perguntas para os participantes poderá fazê-lo por meio do endereço eletrônico da senadora Marina Silva (marinasi@senado.gov.br). Algumas das questões serão sorteadas e encaminhadas aos debatedores.

A segunda audiência pública foi convocada por Marina para tratar do projeto de lei complementar nº 01/2010, que promove a regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal.
O objetivo original do projeto, que foi encaminhado pelo governo federal em 2007, após amplo processo de debate, era o de deixar mais claras as atribuições da União, dos Estados e dos municípios na formulação e na gestão da política ambiental. Dessa forma, esperava-se dirimir os conflitos de competência, que muitas vezes acaba impondo prejuízos à aplicação da legislação e aos investimentos.

No entanto, o projeto original foi profundamente alterado durante a tramitação na Câmara dos Deputados e, caso seja aprovado como está, representará um grave retrocesso para a legislação ambiental e para a proteção dos recursos naturais. Isso porque, para além de fixar as competências entre os entes da federação, a proposta revisada pelos deputados altera dois pontos essenciais na legislação ambiental: fragiliza o licenciamento ambiental e limita fortemente o poder de fiscalização do Ibama.

Para esta audiência, que deverá ocorrer na segunda semana de dezembro, os debatedores convidados pelos senadores são integrantes do Ministério do Meio Ambiente, da Associação Nacional dos Municípios e Meio Ambiente, do Instituto de Pesquisas da Amazônia e do Instituto Socioambiental (ISA)."
( http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/11/a-pedido-de-marina-senado-vai-debater-posicao-brasileira-sobre-clima/    ;    Acesso em 24/11/2010)

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Acho que para barrar as propostas legislativas de limitação do poder de fiscalização do IBAMA será necessário mobilização e pressão popular. A maioria dos parlamentares está  a serviço dos grandes empreendedores - indústrias, setor imobiliário, agronegócio etc -, e tudo o que eles querem é dificultar a fiscalização ambiental. Só não farão isso se a população pressionar em sentido contrário.

As ONGs ambientalistas e as demais entidades da sociedade civil organizada terão que se unir fortemente em torno deste tema. As instituições só funcionam direito se o povo exigir.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O uso correto dos livros

"Nao diga apenas que você leu muitos livros. Mostre que, através deles, você aprendeu a pensar melhor, a ser uma pessoa mais perspicaz e ponderada. Os livros são para a mente o que os pesos da ginástica são para o corpo.
Os livros são muito úteis, mas seria um grave erro supor que alguém progrediu apenas por conhecer o seu conteúdo."
(EPICTETO. A arte de viver. Interpretação de Sharon Lebell, Rio de Janeiro: Sextante, 2000, p.36)

Não basta ler, é necessário vivenciar.

Eu sei que você sabe

"Eu sei que você sabe
Que eu sei que você sabe
Que é difícil de dizer..."
(Marisa Monte)

A comunicação entre os seres humanos nem sempre é uma coisa fácil... Na verdade é uma arte a ser cultivada.

O verdadeiro propósito da filosofia

"A verdadeira filosofia não envolve rituais exóticos, liturgias misteriosas ou crenças originais. Também não se resume a teorias e análises abstratas. A verdadeira filosofia é, evidentemente, o amor à sabedoria. É a arte de viver bem a vida. Como tal, precisa ser resgatada dos gurus religiosos e filósofos profissionais para não deixar-se explorar como um culto esotérico, ou um conjunto de técnicas intelectuais desconexas, ou um jogo de quebra-cabeça que sirva apenas para exibir a sua inteligência. A filosofia é destinada a todos e só é praticada de modo autêntico por aqueles que a associam à ação no mundo, visando uma vida melhor para todos."
(EPICTETO. A arte de viver. Interpretação de Sharon Lebell, Rio de Janeiro: Sextante, 2000, p. 23)

A sabedoria do silêncio interno


“ Fale apenas quando for necessário.
Pense no que vai dizer antes de abrir a boca.
Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, sai uma parte do seu Chi (energia).
Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.
Nunca faça promessas que não possa cumprir.
Não se queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.
Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor não dizer nada.
Aprenda a ser como um espelho: observe e reflita a energia.
O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.
Se se identifica com o êxito, terá êxito.
Se se identifica com o fracasso, terá fracasso.
Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna.
Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia sem emoções densas e sem preconceitos.
Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem  se dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluida.
Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões.
Seja discreto, preserve a sua vida íntima.
Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranquila, benevolente, invisível, misteriosa, indefinivel, insondável como o TAO.
Não entre em competição com os demais, a terra que nos nutre dá-nos o necessário.
Ajude o próximo a perceber as suas próprias virtudes e qualidades , a brilhar.
O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos .
Tenha confiança em si mesmo.
Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provocação e nas trapaças dos outros.
Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação.
Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão.
Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria.
Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato.
Não saber é muito incômodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal.
Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.
Evite julgar ou criticar.
O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade.
Cada vez que julga alguém, a única coisa que faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído.
Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.
O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra.
Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo.
Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida.
Ocupe-se de si mesmo, não se defenda.
Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles.
Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de os convencer para ser feliz.
O seu silêncio interno torna-o impassível.
Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo.
Pratique a arte de não falar.
Tome algumas horas para se abster de falar.
Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO.
Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.
Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação.
Porém, tem que ter cuidado para que o ego não se infiltre…
O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio.
Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o contaminará rapidamente.
Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder interno.
Respeite a vida de tudo o que existe no mundo.
Não force, manipule ou controle o próximo.
Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser.
Por outras palavras, viva seguindo a via sagrada do TAO. ”

Texto  Taoista

sábado, 20 de novembro de 2010

Yoga e ciência


"A antiga ciência do Yoga não é apenas para a Índia, mas é a grande contribuição dos antigos rishis para toda a humanidade.
Para que continue trazendo benefícios para a sociedade, sua divulgação não deverá acontecer na antiga linguagem tradicional.
Com a introdução dos métodos científicos modernos, mesmo os indianos olharão com restrições para antigas afirmações sem comprovação.
Assim, se Yoga deve continuar, é para que seja benéfico para a humanidade e estes benefícios deverão ser comprovados decisivamente, usando os métodos aplicados nas ciências ocidentais."
Paramahansa  S’riman Madhavadasa Maharaja

(Fonte:  http://www.marcosrojo.com.br/site/index.php  ; acesso em 15/10/2010)

Satya x Ahimsa

"Aqueles que encontram as palavras certas nunca ofendem ninguém. E, no entanto, eles falam a verdade. Suas palavras são claras, mas jamais ásperas. Eles não recebem ofensas e não as dão."
O BUDA
(extraído de: SERVAN-SCHREIBER, David. Curar. 15ª ed., São Paulo: Sá Editora, 2004, p. 193)

Este ensinamento do Buda deriva do Yama ahimsa (não-agressão), basilar na cultura indiana. O Yama satya (dizer a verdade), deve ser sempre temperado por ahimsa. É o que eu tentarei fazer neste blog.

Há muitos livros bons sobre ética, sendo que quase todos os grandes filósofos se ocuparam deste tema. Sobre Yamas e Niyamas, sugiro a leitura do excelente livro "As virtudes do Yoga", de Georg Feuerstein (Ed. Pensamento).